Pesquisa revela que educação alimentar traz resultado a médio e longo prazo
Mais uma pesquisa confirma o que todo usuário do ContaCal já sabe, a reeducação alimentar é um processo que trará benefícios não só a curto prazo, como a médio e longo prazo, melhorando não só a questão de sobrepeso ou obesidade mas principalmente melhorando a saúde das pessoas que investem em aprender a se alimentar de forma saudável e balanceada.
Ainda que alguns resultados possam ser observados durante ou no final de um programa de educação alimentar, as melhoras significativas e efetivas são a médio e longo prazo, revela pesquisa na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da USP. Licenciada em ciências, a pesquisadora Vanilde de Castro analisou em seu doutorado mudanças de comportamento em adultos com excesso de peso, após participarem de um Programa de Educação Alimentar (PRAUSP) coordenado pela EERP, e os fatores que facilitaram a manutenção dos hábitos adquiridos após a participação. As mudanças investigadas foram quanto aos hábitos de vida — consumo de álcool, cigarro e prática de atividade física, à alimentação e as alterações de peso, cintura e quadril.
A pesquisadora dividiu os participantes do programa em dois grupos. Um com pessoas que finalizaram o programa, chamados de Grupo Intervenção, que tiveram frequência mínima de 70%. Os resultados mostraram que esses realizaram mais mudanças comportamentais do que aqueles do chamado de Grupo Abandono, que tiveram frequência igual ou inferior a 30%. “Mas as alterações nem sempre foram mantidas no período posterior. O programa mostrou-se eficaz em promover modificações comportamentais, mas é preciso considerar o perfil dos participantes no planejamento das atividades”, enfatiza a pesquisadora.
A boa notícia, diz a pesquisadora, é que os participantes dos dois grupos aumentaram o consumo de verduras, legumes e frutas e reduziram frituras e embutidos, sendo estas mudanças as mais realizadas e mantidas também após o programa. E, ainda, a participação integral no programa, do Grupo Intervenção, levou a mudanças significativas, como ao aumento da mastigação e fracionamento da alimentação, bem como a redução da compulsão alimentar, do Índice de Massa Corporal (IMC), e da circunferência da cintura. “Isso leva, a longo prazo, à diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares”, lembra a pesquisadora.
Todos os adultos com excesso de peso que participaram do programa entre 2005 e 2009 foram selecionados para a pesquisa, sendo analisados os dados obtidos em três momentos distintos: antes e após o PRAUSP, e no momento da entrevista, que foi realizada de novembro de 2010 a maio de 2011. Foram entrevistadas 94 pessoas nos dois grupos — Grupo Intervenção, composto por 64 pessoas, e Grupo Abandono, formado por outras 30. As mulheres casadas foram maioria dos participantes nos dois grupos e a idade média foi de 43 anos, todas com elevado nível de escolaridade. O doutorado intitulado Mudanças comportamentais e fatores associados à sua manutenção em adultos com excesso de peso após intervenção foi defendido pela pesquisadora em 28 de junho de 2012 e orientado pela professora Rosane Pilot Pessa Ribeiro, da EERP.
O que é o PRAUSP?
O Programa de Educação Alimentar da USP em Ribeirão Preto (PRAUSP), foco da pesquisa, foi criado em 1998 pela EERP, sob coordenação da professora Rosane Pilot Pessa Ribeiro, sendo implantado em várias unidades de saúde do distrito oeste da cidade por enfermeiros que tiveram essa experiência enquanto atividade prática de ensino. A partir de 2005, passou a ser desenvolvido também no Campus da USP Ribeirão, no Centro Multidisciplinar de Promoção à Saúde e Prevenção de Doenças da Prefeitura do Campus.
Nos últimos anos, estabeleceu-se parceria com a professora Carmem Beatriz Neufeld, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, responsável pela parte psicológica do programa. O programa é uma abordagem terapêutica para a obesidade e tem como objetivo fornecer orientação alimentar, apoio psicológico e estímulo à prática de atividade física para pessoas com obesidade visando mudanças comportamentais que promovam a perda de peso saudável e melhoria na qualidade de vida. Esse programa é desenvolvido por uma equipe composta por profissionais e estudantes das áreas de Nutrição, Psicologia e Enfermagem, sendo realizado em 12 encontros semanais, com duração de 1 hora e 30 minutos.
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